Entramos oficialmente numa nova década e nada melhor do que o fazer recordando uma das bandas míticas do nosso país: os Ena Pá 2000. Há quem goste, quem odeie, quem se deleite com o humor que lhes é tão característico ou quem não os compreenda (haverá alguma coisa a compreender?) e simplesmente lhes passe – propositadamente - ao lado.
De uma coisa não podemos fugir: estejamos nós em que grupo estivermos, os Ena Pá 2000 são, incontornavelmente, para Portugal, uma “instituição maior do deboche musical”. Prova disso são títulos como És Cruel, Quero Foder Contigo, Alcina, Masturbação ou Bacamarte, impróprios para menores de 18 anos.
E como se não bastasse já o obsceno repertório, a banda é ainda liderada por Manuel João Vieira, também conhecido pelos heterónimos Elvis Ramalho, Lello Minsk ou Orgasmo Carlos, entre outros. Reconhecido pelo seu humor pornográfico e por doses industriais de non sense, Manuel João vem assim completar o quadro daquela que é, sem grande ou nenhuma oposição, “a mais histriónica, fantasiosa e eventualmente obscena (eles não concordam!) banda musical portuguesa”.
Mas o quadro só fica completo quando imaginamos o cenário da casa de MJV em Campo de Ourique, verdadeiro “retiro de fantasia, cuja iluminação faz lembrar novelas russas novecentistas, com dezenas de telas a repartirem o espaço, velhas aparelhagens de som, um piano, um relógio de cuco, muitos chapéus, alguns deles rotos, uma cadeira de baloiço entre sofás usados, uma caixa de música com uma bailarina a dançar ao som de "Rain keeps falling on my head", próteses genitais, discos de capas saudosas, CDs de ópera, música clássica e um fantasminha de plástico que vibra com um som de theremin.”
O quadro está completo e não podia ser nem mais kitsch nem mais bizarro, tal como tanto gostamos por cá.
Imagens via Youtube e Notícias Magazine